Mais conhecido como cascudinho-da-soja, a espécie Myochrous armatus (Coleoptera: Chrysomelidae) é um besouro com 5 mm de comprimento, formato oval e coloração preta-fosca com variações de marrom a acinzentada.
Os adultos têm pouca habilidade para voar e quando perturbados se fingem de mortos, permanecem imóveis ou se jogam ao chão. É um inseto polífago, alimenta-se de braquiárias, fedegoso, amendoim-bravo, feijão e milho. Entretanto, hoje, os maiores prejuízos são observados na cultura da soja.
As larvas do cascudinho-da-soja são amareladas e vivem no solo, alimentando-se de matéria orgânica e raízes de plantas de diversas espécies. Até o momento, não foram identificados danos significativos nessa fase.
O ataque dos adultos geralmente ocorre poucos dias após a emergência das plantas de soja. Nesse período, os insetos concentram-se no caule e causam o tombamento e a morte das plântulas.
Quando essa fase coincide com uma estiagem, o ataque pode trazer problemas como morte de plantas ou enfraquecimento do caule, o que é percebido no estágio reprodutivo das plantas. Por isso, o principal dano dessa praga nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura é a redução do estande de plantas, o que pode impactar diretamente na produtividade.
Também podem infestar plantas mais desenvolvidas e, nesse caso, os alvos são os pecíolos e as hastes mais finas, que murcham e secam.
O adulto tem o hábito de se abrigar na palhada em horários mais quentes do dia, o que dificulta o seu controle, uma vez que o produto pode não atingir o alvo. Para controlar a praga são utilizados produtos de contato, por isso, para melhor eficiência as aplicações devem ser realizadas em horários mais frescos, quando o inseto está mais exposto.
Incidência
A incidência do cascudinho-da-soja vem aumentando ao longo dos anos, especialmente nas últimas safras. Na safra 2020/21, a falta de chuvas evidenciou o problema, pois com o atraso no desenvolvimento das plantas de soja o ataque se tornou mais severo.
Em Mato Grosso há maior incidência nas regiões sul e leste do Estado, porém, a praga está presente em todas as regiões. O período chuvoso é o de maior incidência, coincidindo com o período de plantio. Durante a seca o inseto permanece no solo, na forma de pupa, mantendo-se nessa fase por um período de aproximadamente sete meses, até que tenha condições adequadas para a emergência do adulto.
Manejo
Para o manejo do cascudinho-da-soja é importante a utilização de um conjunto de estratégias de controle. O tratamento de semente é indispensável, pois oferece proteção inicial para as plântulas de soja, na fase crítica do ataque do inseto.
Além disso, em áreas com altas infestações geralmente são necessárias aplicações foliares para minimizar os danos dessa praga. Também, o manejo correto de plantas daninhas e plantas tigueras de milho é muito importante, uma vez que o cascudinho-da-soja pode se abrigar e se alimentar dessas plantas.
A Fundação MT realizou trabalhos de eficiência de controle de produtos comerciais para o controle dessa praga. No entanto, muitos estudos ainda devem ser realizados, principalmente de biologia e comportamento dessa espécie dentro dos sistemas de produção. Dessa forma, será possível entender melhor o comportamento do inseto e posicionar, mais precisamente, as
medidas de controle.
Cascudinho em tiguera de milho
Nessa safra, pesquisadores da Fundação MT estão observando que o cascudinho-da-soja está se alimentando de plantas de tiguera de milho. Por isso, alertam e orientam que os produtores realizem o manejo adequado dessas plantas e acompanhem a área de plantio de milho.
Ainda não é possível saber se o inseto vai permanecer nas áreas durante o período de milho safrinha, porém, é um ponto de atenção e os técnicos vão acompanhar os locais para obter mais informações.
Também, foi observada maior incidência da praga nos sistemas de plantio soja-braquiária e soja-milho, enquanto no sistema soja-algodão a incidência foi menor, provavelmente em razão da menor concentração de palhada nesse sistema